Creio que todo mundo já passou ao menos uma vez por uma situação de perigo iminente: você se arrepia, seu estomago fica embrulhado, o corpo começa a transpirar, os calafrios vem, a vontade de chorar te domina e tudo o que existe é aquela pressão no peito. De repente parece que o seu mundo está se desfazendo e não há nada que você possa fazer para mudar isso.

E quando o simples ato de pegar um ônibus faz com que você sinta tudo isso? Ou atividades simples do cotidiano parecem se equiparar a estar em frente a um pelotão de fuzilamento?

Não sei dizer quando exatamente isso começou mas quando dei por mim, atender um telefonema parecia algo impossível, andar na rua sozinha era desesperador e marcar um encontro com amigos era uma possibilidade inexistente. Só eu sei quantas vezes antes de dormir chorei me fazendo duas perguntas: "porque comigo?" e "Porque eu não posso ser normal outra vez?".

A imagem daquela menina desinibida e risonha foi aos poucos se esvaindo enquanto a ansiedade passou a matar cada pedacinho de quem eu era. Qualquer atividade diferente no meu cotidiano caia como uma bomba de pesar e gerava uma ansiedade insuportável.

De repente para me poupar da ansiedade, lá estava eu cortando todas as possíveis experiências diferentes que pudessem me acontecer e com isso vinha a culpa por não viver.

Eu morria aos poucos todos os dias. Eu morria aos poucos pensando nos amigos que ficavam pra trás. Eu morria aos poucos de saudades de quem um dia eu fui. Eu morria aos poucos enquanto tudo em mim era ódio e repulsa pela pessoa que eu havia me tornado.

Diante disso, o fato de não ter um corpo perfeito é tão pequeno. Tão ínfimo. 

Se você me perguntasse o que eu mais queria 1 ano e meio atrás, a resposta seria simples e direta: não sentir dor.

E a realidade é que a dor existe, a ansiedade ainda ocorre e qualquer situação diferente ainda é levemente incomoda. Levemente. 

Gostaria muito de escrever hoje o segredo da cura do transtorno da ansiedade porém infelizmente isso não existe. O que existe é um esforço diário para contornar o medo e para não me permitir ser dominada outra vez.

Eu sou o meu próprio Bruce Banner e dentro de mim mora algo que pode me transformar em um monstro destrutivo que eu não quero ser, porém eu aprendi a respeitar e controlar isso em mim. 

O meu peso? Era só um sintoma e não a causa da minha dor.

Eu precisei enfrentar o meu hulk, reaprender a ser leve e me perdoar por tudo o que a ansiedade havia destruído. ESSE, meus amigos, é o meu verdadeiro antes e depois. 

Nada muda por fora se você não muda por dentro .


11 Comentários

Anônimo disse...

De repente, lendo esse texto, de muitas maneiras me identifico, sabe? Uma bela reflexão, Ana, gostei muito.

Um abraço.

PS: seu depoimento vai ao ar, no dia do aniversário do meu blog (01/12). Obrigada lindona. Bj

Cottage Regressiva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cottage Regressiva disse...

Escrevi e perdi tudo... Foi isso mesmo??? Afeeee depois eu volto

. disse...

Então, me vi em todos os seus medos e imagino o quão difícil vai ser o caminho de volta pra mim. Parabéns pela determinação e força, Ana!

Mille disse...

Ana, minha linda, o teu depoimento é importantíssimo. Não adianta ter o corpo perfeito se por dentro não estivermos sarada.
Essa é a parte mais importante! Sarar por dentro.. O resto é consequência!
Que bom que você tá cada dia melhor...

Fabi Lange Brandes disse...

olha, tão eu! adorei
beijos

Maria disse...

precisamente...a mudança começa por dentro! Gostei muito do que vi por aqui e já estou a seguir...eu própria estou a mudar o meu estilo de vida para um mais saudável!
Bjs
maria

Anônimo disse...

Há alguns dias eu estava pensando exatamente no q vc relata neste post. A ansiedade sufoca a gente, e às vezes, o medo de não fazer oq é certo, oq não é programado me deixa paranoica. Quando percebo q estou assim, respiro fundo e falo em voz alta: viva hj, aproveite, se arrisque!!!

Unknown disse...

oi Aninha, precisamos enfrentar nossos medos e angustias, nada muda tão rapido, mas é um tratamento eterno da alma. bjus
http://aivoueu60.blogspot.com.br/

CrisFonseca disse...

Ana.. já passei por isso. Foi começando pequeno, e por pouco nao se transforma em algo maior. Tudo está na nossa mente e eu gostaria muito de poder te ajudar e deixar vc mais forte do que és.. a controlar esse medo que nao é real mas incomoda do mesmo jeito!!!

Faça uma pratica: AGRADEÇA as pequenas coisas do dia a dia. Agradeça por respirar... pelo novo dia que se inicia.. agradeça a agua que bebe.. a comida que come.

Ao agradecer entramos em sintonia com DEUS e recebemos luz... recebemos força e isso nos dá animo.

Quero te ver... quero te ver feliz!!!

Beijo grande.. e conte comigo!!!
rumoao70@gmail.com

Anônimo disse...

Ana, Ana... Como sempre tão Ju... Ou seria a Ju tão Ana.
As vezes sinto que você é meu heteronômio, escreve as coisas que eu não tenho palavras ou tenho medo.
Nem sei muito bem o que dizer dessa reflexão... Acho que a sua coragem em expor os sentimento assim, já é uma vitória.
Eu ainda estou em processo de recuperação de mim. O peso, como você disse é só um sintoma, o que mais importa mesmo é a dor e o medo.
Mas, estamos vencendo.
Assim como você tenho deixado menos minha ansiedade ou me medo de privarem de momentos bons... E sei que isso se deve em partes ao fato de ter um novo corpo. Curar um sintoma é cortar um braço da doença né...

Feliz Natal para você!
E um 2014 ainda melhor que esse 2013 de vitórias!